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Sport Benfica e Castelo Branco

Fundação: 1934
Localidade: Castelo Branco
Modalidade: Futebol
Casa: Estádio Municipal Vale do Romeiro

O Benfica e Castelo Branco é o principal clube da cidade capital de distrito, onde é uma das equipas mais antigas em competição, com várias décadas nos campeonatos nacionais incluindo uma passagem pelo futebol profissional. Tem levado o nome de Castelo Branco um pouco por todo o país, não só com a equipa sénior mas também nas camadas jovens, sendo a principal colectividade desportiva da sua cidade.

A génese do atual Sport Benfica e Castelo Branco remonta a Fevereiro de 1934 quando foi fundado na cidade um clube denominado "Onze Vermelho Albicastrense". Ao contrário do que tem sido escrito ao longo dos anos, o Onze Vermelho Albicastrense não foi criado a 24 de Março de 1924, data essa que está até hoje associada à fundação do clube, a realidade é que essa data de fundação é de outro clube. No inicio da década de 20 foi criado na cidade, um clube denominado "Sport Lisboa e Castelo Branco", que então era já uma delegação oficial do Sport Lisboa e Benfica, este clube foi criado por um grupo de jovens benfiquistas e entusiastas do futebol, desporto então em crescimento, e do qual já se ouviam noticias vindas da Covilhã, onde algumas equipas o praticavam. Os primeiros anos não foram fáceis, a falta de um campo na cidade fazia com que as partidas amigáveis, contra outros clubes que iam aparecendo, se tivessem de realizar em plena Devesa, no centro da cidade. Depois de em 1926 inaugurar uma sede própria, em 1927 o clube decide construir um campo a expensas suas, deu-se então a compra de um terreno para o efeito, mas como o clube ainda não estava legalizado teve de o fazer, e recorrendo aos estatutos do próprio SL Benfica, é nesse ano registado no Governo Civil a "Delegação da Associação de Recreio «Sport Lisboa e Benfica»" com sede em Castelo Branco. O campo chegou a ser inaugurado num jogo entre as equipas do Sport Lisboa e Castelo Branco e o Sacavenense, que os albicastrenses venceram por 3-0.

Este Sport Lisboa e Castelo Branco terá existido durante mais alguns anos, até desaparecer por volta de 1930, mas como a paixão dos jovens albicastrenses pelo Benfica e pelo futebol ainda se fazia sentir, foi em Fevereiro de 1934 criado o "Onze Vermelho Albicastrense", na altura filial N.º 30 do Sport Lisboa e Benfica, este clube sim se pode considerar o verdadeiro fundador do atual SBCB, porque o mesmo nunca esteve inactivo e foi-se modificando ao longo dos anos até se tornar no atual Benfica e Castelo Branco, sendo por isso 1934 o verdadeiro e legitimo ano da fundação do clube.

O Onze Vermelho Albicastrense fez parte duma grande onda de aparecimento de equipas na cidade, nesse mesmo ano nascem também o Grupo Desportivo da Associação Académica Albicastrense, o Sporting Clube de Castelo Branco, o Clube de Futebol «Os Albicastrenses» entre outros. O Onze Vermelho ia realizando jogos amigáveis, tanto na cidade como fora. O desenvolvimento desportivo na cidade e na zona norte do distrito levou à reunião de alguns clubes para a criação da Associação de Futebol de Castelo Branco em 1936, sendo o Onze Vermelho Albicastrense um dos seus dez fundadores. Em Junho desse ano foi aprovado em assembleia geral do clube a mudança de nome para "Sport Lisboa e Castelo Branco", uma das razões apontadas para esta alteração deveu-se à conotação política que palavra "vermelho" tinha num período em que em Portugal vigorava o fascismo, dai que o próprio Benfica em Lisboa ficou conotado como "encarnado" para evitar o uso da palavra "vermelho", muito associada ao comunismo.

A primeira prova organizada pela recém criada AFCB é a Taça de Castelo Branco, disputada a duas mãos entre o Sporting da Covilhã e o Sport Lisboa e Castelo Branco, em que os covilhanenses levariam a melhor. Na época de 1936/37 tem inicio o campeonato distrital de futebol, dividido em duas séries, a Zona Norte para as equipas da Covilhã e a Zona Sul para as de Castelo Branco, e o mesmo contou com a participação do Sport Lisboa e Castelo Branco, que nos anos seguintes seria presença regular na prova. Na temporada de 1937/38 o Castelo Branco vence a sua série e disputa o jogo de atribuição de campeão distrital, contra o vencedor da zona norte, o Sp. da Covilhã, que acabaria por vencer, apesar disso o Castelo Branco como finalista distrital ganharia também acesso a jogar na II.ª Divisão Nacional ainda nessa mesma época. Nessa altura subia mais que uma equipa para os nacionais, onde existia uma série só para a Beira Baixa, o que fez com que o Castelo Branco mesmo nunca se tendo sagrado campeão distrital, tivesse tido algumas presenças na II.ª Nacional, isto até à temporada de 1946/47.

Já desde 1946 que havia a ideia de criar um clube mais forte em Castelo Branco, sem preferências clubísticas e capaz de ombrear com os melhores do distrito, para isso foi feita uma proposta por parte do Sport Lisboa e Castelo Branco ao Sp. de Castelo Branco e aos «Albicastrenses», com vista a uma fusão dos três principais clubes da cidade, «Os Albicastrenses» terá rejeitado a proposta tendo desaparecido pouco depois, já o Sp. Castelo Branco ao que tudo indica terá aceite a fusão, sendo assim o Sport Lisboa e Castelo Branco altera em 1948 a sua denominação para "Associação Desportiva de Castelo Branco", dando inicio a esse protejo de um clube único e mais unido na cidade. Logo na temporada de 1948/49 a AD Castelo Branco aparece a competir na II.ª Divisão Nacional, ocupando a vaga do seu antecessor Sport Lisboa e Castelo Branco. Esta equipa ainda terá durado mais uns anos, jogou nos nacionais até à época de 1951/52, mas os fracos resultados e prestações da equipa demonstravam que o projecto da criação de um "grande" clube na cidade tinha fracassado, pelo que foi decidido em assembleia geral voltar a adoptar a sua designação anterior, e assim em 1952 altera o nome para "Sport Benfica e Castelo Branco" que se mantém até hoje. Por curiosidade, este nome foi registado da forma errada, porque sendo o clube uma filial oficial do SL Benfica, o seu nome deveria ter respeitado os estatutos do clube, que determinavam que os nomes das suas filiais seriam "Sport (nome da cidade) e Benfica", tendo Castelo Branco ficado colocado de maneira inversa.

Já como Benfica e Castelo Branco a equipa regressa de imediato à competição, e a mudança de nome parece ter trazido sorte, visto que o clube parte para uma década de 50 cheia de sucesso desportivo, competindo simultaneamente todas as épocas no campeonato distrital e na III.ª Divisão, o clube sagra-se campeão distrital por várias épocas consecutivas, nomeadamente: 1953/54, 1954/55; 1955/56; 1956/57, 1957/58 e 1958/59, afirmando-se como uma das equipas dominantes do futebol distrital, visto que por essa altura o Sporting da Covilhã apenas disputava o Campeonato Nacional da 1,ª Divisão. Na temporada de 1959/60, o Benfica e Castelo Branco conseguiu atingir um dos pontos mais altos da sua história, ao sagrar-se pela primeira vez campeão nacional da III.ª Divisão, o jogo da final disputou-se em Leiria contra o Sacavenense tendo os albicastrenses ganho por 2-1.

Seguiram-se três temporadas da equipa a disputar a II.ª Divisão Nacional, na primeira delas, em 1960/61, o Benfica consegue a sua melhor classificação, conquistando um 4.º lugar, na época seguinte fica-se pelo meio da tabela, e depois em 1962/63 acaba mesmo por terminar o campeonato em penúltimo lugar sendo relegada para a divisão inferior. A temporada de 1963/64 tem o Benfica e Castelo Branco a disputar não só a III.ª Divisão Nacional como também o campeonato distrital, onde acaba por se sagrar campeão, num ano em que apenas teve a equipa do Minas da Panasqueira como adversário, visto que o distrital atravessava nessa década uma crise com a falta de participantes, que levou a que a competição não se realiza-se em alguns anos.

O clube acabaria por competir na III.ª Divisão até à temporada de 1965/66, ano em que foi despromovido para o campeonato distrital. O problema é que agora a FPF apenas permitia a participação na III.ª Divisão a equipas vencedoras do respectivo campeonato distrital, o distrital de Castelo Branco já não tinha sido realizado no ano anterior por falta de equipas, e em 1966/67 também não se iria realizar pelo mesmo motivo, tendo a equipa ficado uma temporada sem competição. Na época de 1967/68 apenas haviam três equipas inscritas (incluindo o Benfica e Castelo Branco) para disputar o campeonato distrital, mas pelo regulamento, o campeonato só se podia realizar com um número mínimo de quatro participantes, e como o Benfica queria voltar à competição e não ficar mais um ano parado, um grupo de sócios do clube decidiu, a poucos meses do início da prova, criar um novo clube chamado "Desportivo de Castelo Branco". para assim perfazer o número de equipas necessárias para que o distrital se realizasse. O Benfica e Castelo Branco acabou por ver assim cumprindo o seu propósito, e terminou a temporada em primeiro lugar do campeonato distrital, a apenas dois pontos do segundo classificado, que era precisamente o Desportivo de Castelo Branco, no entanto o tiro saiu pela culatra aos "encarnados", pelo que a má inscrição de um jogador seu (no caso o guarda-redes que não tinha a 4.ª classe obrigatória), levou à desclassificação da equipa do Benfica, que teve assim de voltar jogar no campeonato distrital na temporada seguinte.

Em 1968/69 o clube cumpre finalmente o seu objectivo, sagra-se campeão distrital e sobe para a III.ª Divisão, um regresso da equipa ás provas nacionais após alguns anos afastada, no entanto os resultados não corresponderam e o clube acaba depois por terminar o campeonato no último lugar e descer novamente para o distrital. O Benfica e Castelo Branco seguiu para a sua fase mais longa no campeonato distrital, com a equipa a lutar todos os anos pelo titulo mas a ficar-se sempre pelo 2.º lugar, só em 1973/74 haveria ser campeã distrital e subir para os nacionais. Mas a sorte parecia não querer sorrir às "águias beirãs", de novo na III.ª Divisão, a equipa termina novamente nos lugares de descida para o distrital. Na época seguinte (1975/76) a estadia no distrital foi curta, a equipa é de novo campeã e volta a subir para os campeonatos nacionais, patamar onde se manteria durante as décadas seguintes e até aos dias de hoje.

A equipa conseguiu estabelecer-se nos anos seguintes no campeonato nacional da III.ª Divisão, garantindo a manutenção nas primeiras épocas e obtendo cada vez melhores resultados, em 1978/79 fica em 3.º lugar da sua série e na temporada seguinte em 2.º lugar, posição que lhe valeu a subida para a II.ª Divisão Nacional, quase vinte anos depois da sua última presença neste escalão. Simultaneamente o clube mantinha desde há alguns anos camadas jovens em vários escalões, tendo na sua equipa muitos jovens albicastrenses, nesta altura o clube já era um dos mais representativos do distrito, levando o nome de Castelo Branco por todo o país. Nas temporadas seguintes o Benfica manteve-se a competir na II.ª Divisão, tendo sido despromovido para a III.ª Divisão na época de 1984/85, foi neste escalão que a equipa competiu nos anos que se seguiram, em 1988/89 consegue o 2.º lugar e a respectiva subida de divisão, até que houve uma reestruturação das competições nacionais, que culminou com a criação da Liga de Honra (Segunda Liga), o que fez com que fosse necessário preencher o campeonato com mais equipas da II.ª Divisão (que adiante passa a ser conhecida como II.ª Divisão B), e o Benfica e Castelo Banco mesmo tendo ficado em 5.ª lugar da sua série, foi promovido para disputar o recém criado campeonato profissional da Liga de Honra.

Foi a mais alta presença da equipa de Castelo Branco no futebol nacional, por essa altura foi também assinado um protocolo entre o Vitória de Guimarães e o Benfica e Castelo Branco, em que este passava a ser o seu clube satélite, com a cedência de vários jogadores que vieram a contribuir muito para a prestação da equipa albicastrense, que na sua época de estreia na Liga de Honra em 1990/91, alcançou a sua melhor classificação de sempre com um 5.º lugar, a equipa chegou a liderar o campeonato durante algumas jornadas tendo perdido a corrida pelo titulo nas rondas finais. Nas épocas seguintes os resultados não foram tão animadores, o clube obtém o 15.º lugar e no ano seguinte o 18.º posto com a conseguente descida para a II.ª Divisão B, terminava assim a breve passagem dos albicastrenses pelo futebol profissional.

Nas décadas seguintes o clube continuou a ser uma das equipas mais regulares dos nacionais, com algumas descidas e subidas, oscilando ao longo dos anos entre a II.ª Divisão B e a III.ª Divisão, nesta última destacam-se os títulos alcançados em 2000/01, 2003/04, 2.º lugar em 2006/07 e novo titulo em 2011/12, tendo o Benfica e Castelo Branco o recorde de títulos nesta prova, em empate com a equipa do Grupo Desportivo de Bragança, com quatro campeonato conquistados ao todo. Entretanto foi criado o Campeonato de Portugal numa fusão entre as antigas II.ª B e III.ª Divisão, patamar onde o Benfica passou a competir. Nesta nova prova destaca-se a brilhante campanha que a equipa de Castelo Branco fez na época de 2013/14, onde esteve muito perto de subir à Segunda Liga, após dominar a sua série e passar ao play-off de subida, onde acabou por perder o jogo decisivo.

É inegável o grande trajecto desportivo que este clube tem feito ao longo da sua história, sendo considerado um dos grandes do futebol no distrito, a equipa mantém-se a competir no Campeonato de Portugal na esperança de um dia poder regressar à Segunda Liga. A par do futebol, outros desportos mereceram destaque no clube, como o atletismo, o andebol e mais recentemente o futsal feminino, onde teve uma equipa no campeonato distrital nas épocas de 2014/15 e 2015/16. Para além disso o futebol de formação é também uma aposta do clube que tem equipas em todos os escalões com várias presenças nos campeonatos nacionais. Atualmente é a filial n.º 7 do Sport Lisboa e Benfica e uma das filiais mais conhecidas em Portugal. O Benfica e Castelo Branco é um clube com uma grande história e que já conquistou um lugar merecido entre os grandes da região.

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